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sexta-feira, 8 de abril de 2011

A REVOLUCIONÁRIA ERA DAS TERAPIAS ANALÍTICAS

Empatia, Tansferência e Contra-transferência em
Grupanálise e Psicoterapia Analítica de Grupo -
Sua Interacção.
Painel
.
Guilherme Ferreira
Psiquiatra;
Grupanalista Titular Didáctico da
Sociedade Portuguesa de Grupanálise;
Full Member da Group Analytic
Society London
ag.ferreira@netcabo.pt
Grupanálise e Psicoterapia Analítica de Grupo: Semelhanças e Diferenças
A Sociedade Portuguesa de Grupanálise e a Associação Brasileira de Psicoterapia Analítica de Grupo têm mantido,
nos
últimos anos, uma cooperação importante, que se iniciou, em 1992, sob a minha presidência e tem prosseguido, desde
então, através dum processo de organização e estruturação, que se tem traduzido na realização de encontros bianuais,
alternadamente em Portugal e no Brasil.
Uma das preocupações que tivemos, desde sempre, foi comparar as bases teóricas, técnicas (e sua teoria) e resultados
das nossas duas intervenções
Elas partem, em princípio, de conceitos essencialmente diferentes: a grupanálise nasceu dos trabalhos de S. H.
Foulkes
e as suas concepções foram modificadas, em Portugal por E. L Cortesão, que acentuou a importância do componente
psicanalítico, que está na sua origem. Também considerou que o grupanalista era a figura essencial do processo
terapêutico,
cuja acção se exprimia através do que ele designava por padrão grupanalítico. Esse padrão ia transmitir e desenvolver
a acção terapêutica ao grupo, através daquilo que Foulkes designava por matriz grupanalítica, conceito que foi buscar
ao
ponto de vista homólogo de Ruesh e Bateson, definido na sua obra “Comunicação: a matriz social da Psiquiatria”. O
objecto da acção terapêutica do grupo, que podemos designar por processo grupanalítico e que é desencadeado pelo
grupanalista e planeado e desenvolvido em conjunto com o grupo. Consiste na perlaboração da neurose de
transferência
grupal (definida em relação a cada elemento do grupo e à respectiva matriz deste último) - ou qualquer outra entidade
equivalente, no sentido que Etchegoyen deu à necessidade de se formar uma situação transferencial estabilizada,
como
são a psicose de transferência, a perversão de transferência, a organização duma estrutura transferencial border-line
ou
narcísica, ou finalmente, a organização duma transferência self-objecto, isto conforme e de acordo com a estrutura de
personalidade de cada indivíduo - e a individualização dos selves.
Se o segundo destes objectivo é comum a todas as terapêuticas de grupo, sejam analíticas ou não, e está intimamente
ligada aos processos de socialização, o primeiro é específico da grupanálise e, aqui mesmo, apenas reconhecido pela
escola
portuguesa, uma vez que Foulkes e a escola inglesa defendem como base da acção terapêutica o treino do Ego em
acção.
Também em outras técnicas analíticas de grupo raros são os que defendem a sua existência, como é o caso de Glatzer
(E.U.A.) ou de Mário Marrone (Itália), este último aliás igualmente no contexto da grupanálise. É, aliás, esta
concepção
que dá dos pontos de vista a escola de Lisboa uma verdadeira perspectiva psicanalítica.
É no contexto da interacção matriz-padrão e através da organização e perlaboração das já referidas situações
transferenciais
estabilizadas que se dá a evolução das matrizes relacionais internas, de acordo com o respectivo conceito de Maria
Rita Leal dos diferentes elementos, que compõem o grupo.
Assim, o grupo funciona como uma rede de relação, comunicação e verbalização (e de perlaboração no dizer do
Cortesão), em que aquelas interacções antes referidas revestem várias formas desde as expressas global e
completamente,
àquelas que apenas se pretendem fazer, desde as conscientes e manifestas às inconscientes e latentes, desde as verbais
às
não verbais e as respostas que a elas se verificam traduzem-se também pelo mesmo tipo de comunicações. É neste
contexto que interagem as matrizes relacionais internas, de que acabamos de falar e que Foulkes, aliás, preferia
designar
por matrizes pessoais do grupo e que se organiza e é, depois, perlaborada, para usarmos a própria expressão de Freud,
uma
situação transferencial estruturada. Esta perlaboração faz-se, através de alterações, que ocorrem nas respectivas
relações
de objecto e parece ocorrer do seguinte modo as relações de objecto internas vão determinar as relações de objecto
externas e as alterações ocorridas nestas últimas vão, por sua vez, originar alterações das primeiras, determinando
assim
o próprio processo terapêutico.
Estamos, assim, pelo menos na concepção da escola portuguesa, perante uma conceptualização específica, que
permite explicar, de modo particular, o processo terapêutico grupanalítico. Mas, no fundo, esta situação está inserida
no
contexto de factos idênticos ou, pelo menos similares, ocorridos nas outras psicoterapias de grupo de base analítica.
Algumas destas abordagens têm evoluído, com efeito, no contexto de modificações ligadas à própria evolução da
teoria psicanalítica, indo assim incluir nas suas conceptualizações as perspectivas da teoria das relações de objecto
(TRO), psicologia do Ego e psicologia do self, perspectivas aliás, todas elas, quer a grupanálise também tem
incorporado,
nos últimos anos, como atrás vimos, quando falamos da importância da TRO no processo grupanalítico. Abordando
duma maneira inclusiva, todas estas perspectivas, Cortesão afirma

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